João Paulo Vaz

Oito regras básicas para matar o Imperador

 

João Paulo Vaz

Em primeiro lugar é preciso não odiá-lo. Porque o ódio conduz a um lugar estreito, onde nos tornamos presas fáceis dos seus guardas. O Imperador tem que ser morto com frieza. Sua morte não deve nos causar qualquer prazer. Ou desprazer. Só o matador frio é eficaz.

É preciso também, por uma questão de prudência, temer o Imperador. Não tanto que nos paralise, nem tão pouco que não provoque tensão. É preciso temê-lo na medida exata da sua força.

Amar o Imperador não é indispensável, mas é aconselhável. Não muito. Só o suficiente para conhecer seus pontos fracos. É aconselhável amá-lo na medida exata da sua fraqueza.

Não é preciso dar morte misericordiosa ao Imperador, mas o excesso de crueldade deve ser evitado. Não queremos um mártir.

O Imperador deve ser morto preferencialmente pelas costas. Não por questão de segurança, mas pela plenitude do ato, porque um homem que percebe, mesmo por uma fração de segundo, que vai morrer, já não é um imperador.

O ideal é matá-lo à traição. A morte à traição é mais completa, porque, além de eliminar o futuro, fere o passado.

A morte do Imperador deve ser exaustivamente planejada, mas tem que se consumar à revelia de todos os planos. Como uma fatalidade.

E, sobretudo, é preciso jamais esquecer que o objetivo final não é a morte do Imperador, mas a destruição do Império.


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